#InspiraUnB foca em transformação, inclusão e participação social. Palestrante, a antropóloga Debora Diniz instigou estudantes a ir além e questionar verdades pré-concebidas.

Nair Rabelo |

 

 Foto: Beto Monteiro

 

Debora Diniz, antropóloga, pesquisadora e professora da Faculdade de Direito, proferiu palestra do #InspiraUnB – evento de boas-vindas aos calouros no início do semestre letivo na Universidade – no início da noite de terça-feira (7), no Centro Comunitário Athos Bulcão, no campus Darcy Ribeiro.

 

Considerada pela revista norte-americana Foreign Policy um dos cem pensadores globais de 2016, Diniz abordou temas como bioética, feminismo, direitos humanos e saúde. “Durante muitos anos, meus temas de pesquisa eram considerados ousados, quase imorais. Eram sobre aborto, sexualidade, feminismo”, disse à plateia de estudantes – em grande parte, calouros.

 

A trajetória acadêmica de Diniz foi toda trilhada na Universidade de Brasília. “Os anos na UnB serão os mais felizes”, disse aos estudantes. A pesquisadora destacou o elemento transformador da Universidade na vida e nas concepções de mundo dos jovens. “Todos nós vamos nos encontrar com diferentes saberes. Aqui, vocês serão aprendizes de cientistas. Ciência na acepção de Darcy Ribeiro, que é um instrumento transformador e de poder, poder pacífico”, continuou.

 

“Demorei muitos anos para perceber outras realidades. Inclusão é a palavra que representa a existência na Universidade”, contou. “A UnB me mostrou que aquilo que eu imaginava era muito mais diverso”, prosseguiu, ao mencionar questões referentes a mulher, homem, negros, indígenas e pessoas com deficiência.

 

“Os temas que pesquisei, possivelmente, doeram em muita gente e nos meus alunos”, comentou, em referência aos estudos sobre gênero e bioética. “A Universidade tem de doer. Tem de nos fazer sofrer, nos fazer dar voltas ao redor de quem nós achamos que somos. O mundo é muito mais diverso e plural do que os limites do território do nosso corpo, das nossas vidas e famílias. A Universidade serve para isso."

 

DESAFIO – Debora Diniz instigou os calouros a aproveitar as oportunidades de reflexão ofertadas pela UnB. “Deixem-se provocar. A cada semestre, decidam agregar algo que provocou vocês. Serão, no mínimo, oito provocações”, afirmou. “Reflitam sobre quem são vocês em uma universidade pública, em um país repleto de problemas sociais.”

 

LOUISE – Ao final, Diniz pediu um minuto de silêncio em respeito à memória da estudante da UnB Louise Ribeiro, vítima de feminicídio, há um ano, no Instituto de Ciências Biológicas (IB).